Martinho Lutero foi o homem que Deus usou para dar início ao avivamento que mudou a história do mundo. Ele era um advogado, que decidiu tornar-se monge por sentir medo de Deus. Contudo, mesmo tornando-se um monge agostiniano, ele não teve paz. As muitas leituras, os intensos trabalhos, as inumeráveis penitências, as atividades da igreja não puderam calar o grito daquele coração que ansiava por Deus. Quanto mais Lutero se envolvia com os trabalhos da igreja, mais o coração dele sentia-se longe de Deus.
Um dia, ele começou a estudar as cartas de Paulo, e, de repente, as seguintes palavras saltaram das páginas: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘o justo viverá pela fé’” (Romanos 1.16-17). Pela primeira vez, Lutero entendeu que a salvação não acontece quando Deus literalmente derrama a sua justa, pesada e condenatória justiça sobre o homem, mas, sim, quando o homem abraça e se rende ao evangelho, a boa nova da salvação que diz que Deus, por amor, literalmente derramou a sua justa, pesada e condenatória justiça sobre Jesus. Aquilo que Lutero não havia conseguido fazer pelo esforço pessoal, Jesus havia feito em lugar dele.
Finalmente, Lutero entendeu que ele não deveria tentar comprar a salvação e nem as bênçãos de Deus por meio de penitências, jejuns, orações, vigílias, sofrimentos e dinheiro. Antes, a salvação já havia sido comprada por Jesus na cruz do Calvário, cabendo tão somente ao homem se render em fé operante e amor sincero a Jesus, o gracioso Salvador. Assim, no dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou, na porta da Catedral de Wittenberg, as suas 95 teses, que falavam contra a venda de bênçãos nos céus. Ninguém pode, pelo esforço pessoal ou por meio de dinheiro, comprar as bênçãos de Deus. As bênçãos do evangelho da salvação não podem ser compradas, pois elas são dadas de graça por meio de Jesus Cristo, era a mensagem de Lutero.
Entretanto, ao tentar apresentar o evangelho aos dirigentes da Igreja Católica Apostólica Romana, Lutero foi ameaçado de morte. Mas o fogo de Deus já havia se acendido no seu coração. Ninguém mais conseguiria mantê-lo calado. Antes, ele diria a todos tudo aquilo que Deus havia feito na vida dele. No lugar de medo, ele tinha amor; no lugar de desespero, ele tinha esperança; no lugar de ódio, ele tinha profunda gratidão a Deus por Jesus Cristo; no lugar de covardia, ele tinha a coragem de anunciar e cantar: “Castelo forte é o nosso Deus/ Espada e bom escudo/ Com seu poder defende os seus/ De todo transe agudo… Se nos quisessem devorar/ Demônios não contados/ Não nos iriam derrotar/ Nem ver-nos assustados/ O príncipe do mal/ Com o seu plano infernal/ Já condenado está/ Vencido cairá/ Por uma só Palavra”.
O fogo que Deus acendeu no coração de Martinho Lutero, logo se alastrou e queimou as amarras que prendiam milhares de pessoas na religiosidade. O fogo do amor ao Senhor, da liberdade do evangelho, da graciosa graça de Deus, do poder do Espírito Santo incendiou toda Europa. Muitos homens e mulheres perderam a vida simplesmente porque decidiram seguir Jesus ao invés de uma religião. Milhares morreram sob a espada, lançados na fogueira ou afogados nos rios. Entretanto, muitos outros, fugiram de suas casas e cidades levando o fogo de Deus por onde iam.
Assim, depois de percorrer muitas nações, cidades e caminhos, o fogo de Deus chegou ao Brasil. Ao invés de anunciarem uma religião, os missionários proclamaram a boa nova de que Jesus havia morrido em nosso lugar e de que as bênçãos de Deus são dadas de graça a todo aquele que crê. Houve muitos embates, debates e perseguições no Brasil contra a graciosa mensagem do evangelho. Contudo, centenas e milhares de pessoas se renderam a Jesus e a igreja evangélica nasceu em solo brasileiro.
A Igreja da Lagoinha é uma dessas igrejas que nasceu a partir dessa mensagem que foi anunciada por Martinho Lutero há mais de 500 anos. Cremos que somos salvos pela graça mediante a fé. Reconhecemos que a salvação e as bênçãos de Deus não podem ser compradas pelo esforço humano ou pelo dinheiro das pessoas. Entendemos também que o verdadeiro evangelho torna as pessoas livres para adorarem ao Pai, por meio de Jesus Cristo e no poder do Espírito Santo.
 Soli Deo Gloria
:: Gustavo Borja Bessa